Pinçar, não vai adiantar - mensalão

Neste feriado de 15/11 o presidente do Superior Tribunal de Justiça emitiu a ordem de prisão contra 12 réus, do chamado "Mensalão do PT" (há o "Mensalão do PSDB", mas este irá prescrever em breve) ou o tecnicamente processo AP-470. A quase totalidade dos que lamentam e protestam pela prisão são apaixonados pelas cores do PT e ao contrário, praticamente todos aqueles que apoiam e comemoram, são apaixonados pelas cores da oposição, principalmente PSDB e DEM, ou ainda, são fervorosos anti-Petistas acima de tudo. Daí já se pode tirar uma primeira conclusão: nada importa a ambos os grupo, se o julgamento foi justo ou não, se foi direcionado propositalmente ou não, o que importa são suas paixões ou ódio. Este é um comportamento, mesmo que incorreto, mas quase que natural do ser humano. Eu, assim como a maioria dos brasileiros que acompanham as assíduas reportagens da chamada grande mídia brasileira, a aproximados 8 anos, não temos juízo de valor sobre o tema em si, pois somos leigos no meio jurídico e muito se fala que não há provas, assim como muito se fala que há provas. Temos como analisar tudo e todos os documentos do processo AP-470? obviamente não temos. Se os 13 juízes do STJ debruçaram por anos sobre os
documentos e há controvérsias entre eles, imaginem nós. O que mais se questiona, principalmente aos leigos jurídicos, é a importância dada ao julgamento. É insistido pela grande mídia, por exemplo, se tratar do "maior escândalo de corrupção do país", onde sabe-se que não é o maior escândalo. Porque tanto outros casos semelhantes ou mais escandalosos, de maior valor financeiro envolvido, com figuras ou entidades mais notáveis e o processo é barrado, não é divulgado e se arquiva? Justamente aí se responde a todas as perguntas: pinçar, não vai adiantar, que significa, não adianta escolherem-se um único evento entre um mar de eventos. Não irá resolver. Nem meramente servir de exemplo. Cada evento de corrupção deveria vir a tona, mas isto não acontece na prática. Eu poderia citar inúmeros exemplos, onde a imprensa não cita uma única palavra. E porque? porque não foi escolhido por eles para gerar investigação e punição. Quando será resolvido os problemas de corrupção no país? ou ainda, quando os políticos, a imprensa, as igrejas, as grandes corporações, os governos (federal, estadual e municipal) e a sociedade como um todo, deixariam de ter práticas, digamos, pouco ortodoxas? Ora, é simples, quando independente de paixões e ódio tudo e todos fossem tratados com a mesma isenção, com a mesma justiça, com a mesma dedicação e empenho para os casos quaisquer que aparecerem passivos de investigação de corrupção. Não pode ocorrer como hoje, onde é pinçado em um mar de eventos de corrupção, um único caso, para sobre ele colocar todos os holofotes da grande mídia, com o objetivo claro político e de trazer benefícios às a algumas entidades no futuro. Tudo é torcida neste processo AP-470, como a de um time de futebol, onde o mais honesto torcedor gostaria de ganhar de seu arqui-rival, com um gol mão aos 49 min do segundo tempo. Um contra-senso para quem diz ser honesto. Mas ele continua achando-se honesto. Como falou um jurista criminal a poucos meses, ao ser entrevistado no programa Canal Livre da Bandeirantes, onde muito didaticamente mostra vários detalhes sobre segurança no estado de São Paulo e afirma que somente 2% dos casos criminais são investigados, processados, julgados e punidos. Repito 2% (dois por cento). Pinçar mais uma vez, não está adiantando.
Não faltam perguntas sem respostas neste processo AP-470: porque o jurista e professor Ives Gandra Martins, reconhecido direitista e anti-petista, assim como Cláudio Lembo, ex-governador de SP e da oposição ao PT, manisfestam que o processo não contém provas? Porque uma das acusações é pagamento por aprovações de emendas parlamentar, se em passado recente, foi comprovado o pagamento a deputados para aprovação de reeleição para presidente da república e não houve investigações e punições? Porque mesmo o julgamento encerrado e as penas começado a cumprir, desde o último dia 15/11, a grande mídia ainda só divulga este caso e não foca e outros grandes eventos de corrupção?
Não podemos tratar tudo com torcida, de acordo com nossas paixões ou ódios, há necessidade de imparcialidade e bom senso. Os grandes escalões esperam que não tenhamos bom senso e defendamos o que a grande mídia divulga, sem senso crítico, como uma torcida, para ajudar nos interesses pessoais destes grandes escalões.