A isso se
propõem o blog yntk, além de informação, cultura, curiosidades, contos,
estimular o leitor que sobre suas mãos estão os caminhos para saber a realidade
dos fatos. Se eles estiverem absolutamente enclausurados, poderá discuti-lo
sobre diferentes pontos de vista e concluir de forma mais sensata, com desapego
e até mais feliz. No texto que escrevi a seguir é a mistura da cultura com um
rabiscar de como se busca a realidade dos fatos, sem muito defini-la.
Durante
muitos anos, e até nos dias atuais, quem ainda não recebeu por email a poesia
“Instantes” como de autoria do poeta argentino Jorge Luis Borges? Camisetas,
peças de porcelana e cópias em espanhol rodaram o mundo como sendo de sua
autoria, quando na realidade é apontado como sendo de uma poetisa norte
americana, Nadine Stair, que supostamente a publicou de forma discreta, em
inglês, em 1978, ou oito anos antes da morte de Borges. Assim como na
atualidade, que a algumas informações são dados conotações diferentes da
realidade, seja por deszelo ou má intenção, a autoria do quase anonimato da
poetisa passou pela afirmação de uma revista argentina de que pertencia a
Borges. Já falecido, restou à viuva, Maria Kodama, conseguir que a revista se
retratasse, mas a obra já havia tomado o mundo e muitas vezes sob a assinatura
de Borges, “poeta espanhol”. O que Nadine Stair escreveu mais próximo é “Daisies” (margaridas), colocando ainda
em suspensão o real autor. “If I had my life to live over
again, I'd try to make more mistakes next time. I would relax. I would limber
up. I would be sillier than I have been this trip”, e por ai vai ... Mas
será? Porque pesquisadores encontraram somente por Nadine Strain e não Stain, e
esta era uma ótima pianista e nada escreveu.
Já Borges,
acreditem, tem seu próprio poema Instantes. Mira: “EL INSTANTE: ¿Dónde estarán los siglos, dónde el sueño / de espadas que
los tártaros soñaron, / dónde los fuertes muros que allanaron, / dónde el Árbol
de Adán y el otro Leño? / El presente está solo. La memória / erige el tiempo.
Sucesión y engaño / es la rutina del reloj. El año / no es menos vano que la
vana historia. / Entre el alba y la noche hay un abismo / de agonías, de luces,
de cuidados; / el rostro que se mira en los gastados / espejos de la noche no
es el mismo. / El hoy fugaz es tenue y es eterno; / otro Cielo no esperes, ni
otro Infierno”.
Críticos
literários e sua esposa menosprezam a poesia panfletada, por não verem o forte
conteúdo Modernista do escritor. Indaga Kodama: “El poema, sin ningún valor literario desvirtúa el mensaje de la
obra de Borges. Amparándose en una firma famosa, se intenta transmitir un
sentido de la vida completamente materialista, sin ninguna busca de perfección
espiritual ni inquietud intelectual".
Independente
de autoria, o mundo apreciou a poesia. Ao seu autor, seja lá quem for,
agradecemos, e pra mim, mesmo bastante distante dos 85, a poesia sempre trouxe
reflexão sobre as tolices que praticamos.
INSTANTES (autoria ainda não assumida)
"Se eu pudesse
novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho
sido. Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas
pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem,
disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar
a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo."
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“Si pudiera vivir
nuevamente mi vida,
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido,
de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos,
haría más viajes, contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido,
comería más helados y menos habas,
tendría más problemas reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata
y prolíficamente cada minuto de su vida;
claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría
de tener solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida,
sólo de momentos; no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca
iban a ninguna parte sin un termómetro,
una bolsa de agua caliente,
un paraguas y un paracaídas;
si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir
comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera
y seguiría descalzo hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita,
contemplaría más amaneceres,
y jugaría con más niños,
si tuviera otra vez vida por delante.
Pero ya ven, tengo 85 años...
y sé que me estoy muriendo.”
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